quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Propostas do Onix


Política


Mano Changes defende educação em turno integral

6/8/2008



O deputado estadual Mano Changes foi o escolhido pela coligação Porto Futuro Alegre (DEM/PP/PSC) para ser o candidato a vice-prefeito de Onyx Lorenzoni. Conhecido por sua atividade de músico, o parlamentar está no primeiro mandato. Para ele, a vivência político-partidária está sendo de aprendizado - Changes é filiado ao PP há três anos. "Sei que tenho muito a aprender e estou disposto a isso. A cada dia vou me preparando para contribuir cada vez mais para Porto Alegre".
Na primeira entrevista com candidatos a vice-prefeito de Porto Alegre, o Jornal do Comércio apresenta as idéias de Mano Changes. O parlamentar faz questão de enfatizar que não mudou seu perfil depois que ingressou na Assembléia. "As pessoas que acreditaram em mim esperam que eu que não 'fique careta'. Entrei na política com o slogan 'Chega dos mesmos'. Quer dizer, chega de fazer política do mesmo jeito, com ranço", explica.
Afinado com Onyx, o deputado demonstra conhecimento sobre os programas para saúde, segurança e planejamento urbano. Mas tem uma bandeira própria: a educação integral. "Não quero ser papagaio-de-pirata. Vou trabalhar pela integração do morro com o asfalto e buscar melhores condições para a juventude", garante Mano, que pensa em coordenar a área de conexão social da prefeitura.

Jornal do Comércio - Como foi seu ingresso na política?
Mano Changes - Sempre tive dom para falar. Nunca escrevi um discurso, falo o que penso, com o coração. Vi a falta de representatividade do jovem. Se hoje um terço do eleitorado é jovem, metade está apto para o mercado de trabalho e não tem oportunidade. Uma das causas é a falta de representatividade política.
JC - Além de vice-prefeito, o senhor pretende assumir alguma secretaria?
Mano - A gente sempre ouve o discurso da integração das secretarias e isso nunca ocorre. Este é o diferencial do nosso projeto. Teremos reuniões periódicas com o secretariado. Então, não há necessidade de assumir uma secretaria. A educação integral, mais do que uma secretaria, precisa da ligação com o eixo social, para que eventos, como os da Secretaria de Esportes estejam ligados aos da Educação, assim como da Juventude e do Meio Ambiente. Com isso, há um resultado mais abrangente.
JC - E no meio cultural?
Mano - Aquele que recebe incentivo do governo tem que reverter isso para a educação integral, fazendo palestras e oficinas de música nas escolas. A Secretaria da Juventude, quando faz um evento, deve priorizar a periferia. Com isso, se cria uma cadeia que estimula aquele jovem. A mesma coisa com esporte, por que não ter as olimpíadas estudantis das escolas municipais?
JC - Qual será seu papel na prefeitura?
Mano - Vou coordenar esta conexão social entre o morro e o asfalto. Na Assembléia, fizemos um trabalho mostrando os benefícios da educação integral. Escola é lugar para se falar de inclusão digital. A internet é um mercado que em 2005 já movimentava US$ 10 trilhões, 15 vezes mais que o orçamento da União. Temos que ensinar para a gurizada como ganhar dinheiro com a internet. A Índia está fazendo isso, por que não se pode fazer? Mas tem que investir e tornar a escola um lugar atrativo. O desinteresse é forte, pois a escola hoje é a mesma em que estudou meu pai, em que eu estudei. Espero que não seja a mesma em que o meu filho vai estudar.
JC - Que outros problemas de Porto Alegre devem ser debatidos na campanha?
Mano - Temos que parar de virar as costas para o rio, nosso maior patrimônio. Precisamos ver o potencial turístico disso. O porto, por exemplo, poderia alocar oficinas de inclusão digital. As oficinas digitais poderiam resultar num canal de tevê pela internet para mostrar os resultados dos projetos das oficinas. O projeto Caminhos da Beira, que é de revitalização, também incide sobre a segurança pública. Há ainda o fortalecimento da Guarda Municipal. Tem espaço para mudar o Plano Diretor na questão do Cidade do Futuro, perto do aeroporto, criando um novo centro. Existe uma linha de metrô. Vamos melhorar e fazê-la pela metade do preço e abrangendo uma densidade populacional mais alta. É preciso planejar para o futuro.
JC - De onde tirar recursos para todos esses projetos?
Mano - Das parcerias com a iniciativa privada. Quem não vai querer adotar o espaço da orla?
JC - O que o senhor está achando da atividade política?
Mano - Gosto da oportunidade para colocar minhas idéias em prática. Pude representar a Assembléia na posse da diretoria da Fiergs. Gostei do discurso do vice-presidente José Alencar. Ele falou sorrindo no meio empresarial, que é sisudo. Divertiu as pessoas sem deixar de colocar suas idéias. Disse para ele que fiquei contente, pois também faço política sorrindo e era bom ver que o vice-presidente fazia isso. Muitas vezes, por ser um cara divertido, debochado, as pessoas perguntam o que tenho a ver com política. Será que não é um pouco de sorriso que a gente está precisando? Não tenho ranço, pois sou ingênuo. Vou continuar assim.
JC - Como surgiu o convite para ser candidato a vice? O senhor pode ajudar Onyx a angariar os votos?
Mano - Sim, no momento em que temos uma proposta, um plano de governo coeso. O convite surgiu, antes de tudo, como uma questão de partido. Depois houve uma identificação entre as minhas propostas e as de Onyx, que me convidou para ser, pelo PP, o candidato a vice. Já na primeira reunião, disse a ele que não ia ser papagaio-de-pirata e coloquei a questão da educação integral como fundamental. Ele concordou. Se no final da eleição todos os candidatos estiverem falando em aproximar a escola do aluno, em educação integral, eu já me dou por satisfeito.
JC - Quais são suas credenciais para assumir o cargo de vice-prefeito?
Mano - Mãos limpas, vontade de fazer e de ouvir. Não acredito em plano de governo 100% fechado. Quando se está representando alguém, tem que se estar muito disposto a ouvir. É assim que a gente vai acabar com o crack, por exemplo. Vemos o discurso de que tem que ter mais leitos. Isso não funciona. Depois que fumou essa maldita pedra não adianta leito. Tem que atacar antes, com uma quadra de esportes, por exemplo.
JC - A escolha de seu nome é uma tentativa de neutralizar os demais "perfis jovens"?
Mano - Não estou preocupado com os outros. Espero que essa seja uma campanha prepositiva. Vejo a quantidade de candidatos jovens de forma positiva. Vi muito mais preconceito, não por ser músico, mas por ser jovem. Esse preconceito cria uma insegurança quando os jovens entram na política. Muitos mudam a forma de se expressar. Tem que ter personalidade. Preconceito se acaba com conteúdo. O povo está cansado de bate-boca. No momento em que agrego, faço isso com uma visão mais jovem da política. Entrei para a política com essa finalidade. Se tem uma coisa legal no plano de governo dos outros, vou dizer para o Onyx e eu fazermos. É esse tipo de política que é diferente. O ranço é retrógrado e os partidos têm problemas nesse sentido. A sociedade está cansada do tradicional, justamente porque o cara só tem discurso. Quero que os políticos jovens dos próximos 20 anos sejam muito melhores do que eu. E, se eles puderem ter um exemplo de ética, de persistência, já cumpri meu papel.
JC - O PP ficou três anos e meio na gestão de José Fogaça (PMDB). Não é incoerente lançar candidatura?
Mano - Não participei desta gestão. Admiro Fogaça. Vou querer sempre ser gestão em Porto Alegre, independentemente se eu for deputado, prefeito, vice. Mas quem me deu oportunidade não foi Fogaça, foi Onyx.
JC - Se fosse para apoiar Fogaça, haveria diferença?
Mano - Por mais que o PP estivesse no governo Fogaça, ele não fazia parte do núcleo, das reuniões de cúpula. Hoje, eu estou nesse núcleo.
JC - E as críticas de que o acerto DEM-PP teve base no pagamento dos gastos com programas de rádio e tevê?
Mano - Essa negociação foi entre os partidos. Mas não entraria se não pudesse ter afinidade ideológica. Tanto que isso foi a primeira coisa que disse para Onyx: não sou papagaio-de-pirata, tenho idéias e acho que a educação integral pode ser o alicerce dessa conexão social. Caso contrário, teria ficado na Assembléia.

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