quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Zero Hora (14/08/2008) - Arrecadação lenta angustia candidatos

Eleições | 14/08/2008 | 03h17min

Arrecadação lenta angustia candidatos

Campanhas esperam que doações aumentem em setembro

Diante das dificuldades em obter doações financeiras na arrancada da campanha, tesoureiros dos candidatos a prefeito de Porto Alegre começam a rever estimativas de gastos com propaganda nestas eleições.

Os valores declarados pelos candidatos e publicados na página do Tribunal Superior Eleitoral indicam que, nos primeiros 38 dias de campanha, apenas 4,9% do valor estimado já chegaram aos comitês.

Para evitar futuros problemas com a Justiça Eleitoral, algumas candidaturas admitem ter feito uma projeção de gastos superestimada. Ainda assim, grande parte dos tesoureiros reconhece que a captação de recursos está abaixo das expectativas. Em alguns comitês, o assunto já causa preocupação. O coordenador da campanha do prefeito José Fogaça (PMDB) à reeleição, Clóvis Magalhães, acredita que ao final do pleito os gastos ficarão bem abaixo do estimado.

— Estamos muito aquém das nossas necessidades. Há uma preocupação em realizar todos os gastos.

Já o deputado estadual Fernando Záchia (PMDB), que integra o comitê financeiro de Fogaça, entende que a dificuldade do prefeito é comum a todos candidatos. Para Záchia, a defasagem na captação deve-se à demora de Fogaça em oficializar a candidatura.

Nos comitês de Maria do Rosário (PT) e Manuela D’Ávila (PC do B), a avaliação é de que em setembro as empresas devem definir suas contribuições. O coordenador de campanha de Manuela, Adalberto Frasson, afirma que contatos já foram feitos e que há expectativa de melhora nas próximas semanas. Na campanha de Rosário, a expectativa é semelhante.

O tesoureiro de Luciana Genro (PSOL), Etevaldo Teixeira, não reclama. Embora a candidata do PSOL tenha obtido até o momento R$ 47,6 mil (nominalmente menos que Fogaça), o valor é razoável porque Luciana fez uma estimativa de gastos modesta, de R$ 700 mil.

— Somos um partido novo e não tínhamos tradição de captação junto a empresas — afirma Teixeira.

Nas eleições da Capital, há apenas um oásis: o comitê de Onyx. Ele declarou ao TSE receitas de R$ 606,1 mil – 12% da estimativa inicial de gastos com a campanha, de R$ 5 milhões. O tesoureiro José Francisco Ferreira da Luz, o Zezo, diz que o segredo foi antecipar os contatos com empresários:

— Veio muito recurso picado, mas deu um volume bom.

ZERO HORA
Por trás dos números
As estratégias de arrecadação dos candidatos que captaram o maior e o menor percentual do total previsto para gastos:
ONYX LORENZONI (DEM)
Situação: é o candidato que arrecadou o maior percentual do total previsto para gastos na campanha. De acordo com os números apresentados pela candidatura de Onyx ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em pouco mais de um mês ele já recebeu R$ 606,1 mil em contribuições para financiar sua campanha. Onyx atinge, assim, 12% de sua projeção inicial de gastos, de R$ 5 milhões.
Como chegou ao resultado: o tesoureiro de Onyx, José Francisco Ferreira da Luz, o Zezo, explica que os contatos para captação de recursos começaram um mês antes do início da campanha. A boa relação do candidato com os empresários também foi apontada como um facilitador.
Estratégia: a coordenação de campanha de Onyx considera que Maria do Rosário (PT), Manuela D’Ávila (PC do B) e Luciana Genro (PSOL), por serem mulheres, e o prefeito José Fogaça (PMDB), por ocupar hoje o cargo em disputa, atrairiam a atenção da mídia e do eleitorado na arrancada da campanha. Para neutralizar esse efeito, Onyx investiu nos vídeos da propaganda eleitoral gratuita na TV.
Expectativa: o comitê não arrisca uma estimativa de arrecadação – se vai chegar aos R$ 3,2 milhões inicialmente projetados ou se vai ficar aquém desse valor. Os dados apresentados ao TSE já estariam defasados. A campanha de Onyx já estaria chegando próxima do primeiro milhão de reais em doações.
JOSÉ FOGAÇA (PMDB)
Situação: é o candidato que arrecadou o menor percentual do total previsto para gastos na campanha. Na primeira parcial apresentada pelo TSE, o comitê financeiro da candidatura declarou ter arrecadado R$ 49,3 mil, ou 1,5% dos R$ 3,2 milhões que Fogaça estima gastar até o final do pleito. O valor captado só supera os R$ 47,6 mil obtidos por Luciana Genro (PSOL), 6,8% dos R$ 700 mil fixados como limite de gastos para a eleição.
Como chegou ao resultado: um dos fatores que pesou foi a demora de Fogaça em confirmar sua condição de candidato à reeleição. Além da desmobilização, a espera tem impactos burocráticos: só depois de oficializada a campanha os comitês podem requerer sua inscrição e, então, começar a captar verbas para a campanha.
Estratégia: por contar com uma nominata de candidatos a vereador extensa, já que, além de seu partido, o PMDB, a coligação inclui PDT, PTB e PSDC, o comitê de Fogaça espera que os candidatos a vereador e seus militantes dêem força à arrancada. O comitê financeiro acredita que as doações vão aumentar em setembro, quando crescem também os gastos.
Expectativa: os partidos que apóiam Fogaça admitem que os recursos para campanha podem ficar aquém da projeção inicial. O entendimento, porém, é de que o fenômeno deve atingir todas as candidaturas, e que uma redução de custos não deve comprometer a qualidade da disputa eleitoral.

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