domingo, 3 de agosto de 2008

Zero Hora (03/08/2008) - Planos para o fim do muro

Planos para o fim do muro

Candidatos expõem seus projetos para a estrutura na Avenida Mauá

Com a função de proteger a Capital das cheias do Guaíba, um paredão de concreto erguido entre 1971 e 1974 também priva os porto-alegrenses da vista da orla e cria dificuldades aos projetos de revitalização da região.

Longe de ser consenso entre especialistas, o Muro da Mauá já surge como tema de discussão na campanha eleitoral. No levantamento realizado por Zero Hora, a maioria dos candidatos defende a derrubada ou alterações na estrutura. Apenas o prefeito José Fogaça (PMDB) posicionou-se contra eliminar o muro, por questões de segurança.


Urbanista espanhol Jordi Borja fala
sobre possibilidades de aproveitamento da região


Desde a conclusão da obra, surgiram propostas para substituir o muro e ampliar a visão de quem passa pela Avenida Mauá. Em 1996, uma alteração foi cogitada pelo projeto Porto dos Casais, que não foi levado adiante. Entre os 39 planos apresentados, venceu a idéia do arquiteto Alberto Aldomilli, professor do UniRitter. Ele propôs como alternativa a utilização de placas móveis de concreto pré-moldado, que ficariam deitadas à espera de uma possível cheia, funcionando também como a base de uma ciclovia.


Infográfico animado simula como ficaria o cais do porto sem o muro


– A estrutura é viável e não seria tão cara. Com cerca de R$ 1 milhão seria possível fazer – diz Aldomilli.

Apresentada na segunda-feira passada, uma nova proposta de revitalização do cais do porto prevê que a parte do muro erguida acima do solo seja reduzida de 3 metros para 1,5 metro. O projeto segue agora para discussão na Câmara Municipal.

– Conforme avaliações técnicas, a altura de 3 metros é superdimensionada, caberia uma redução – argumenta Maurênio Stortti, diretor da MSCA, empresa selecionada para o projeto.

A história, entretanto, mostra o contrário. Em 1941, o Guaíba atingiu 4,7 metros acima do nível normal, o que representou 1,7 metro na área do cais. A enchente deixou 70 mil porto-alegrenses flagelados.

– Um muro de 1,5 metro não seria suficiente para barrar a água. Entendo que, para redução da altura, seria preciso um sistema complementar para atingir três metros em caso de necessidade – avalia o doutor em hidrologia Joel Goldenfum, professor do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Para o especialista, alterações na estrutura atual comprometeriam o sistema de proteção contra cheias. Goldenfum avalia que alternativas móveis, que dependem de operação manual e manutenção periódica, não são confiáveis.

O diretor-geral do Departamento de Esgotos Pluviais (DEP), Ernesto da Cruz Teixeira, diz que até o momento não surgiu nenhum projeto que garanta a segurança da população contra novas cheias:

– O muro é imprescindível, mas não é eterno. Se for comprovada a existência de uma alternativa viável, poderemos pensar no assunto.

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